sábado, 7 de setembro de 2013

O Charme da Vida.




Vivemos em conflito, cada um de nós. Acordamos todos os dias e nos deparamos com a complicada obrigação de tomar decisões.
"Qual o casaco que devo levar pra escola?", "Devo aceitar aquela vaga de emprego?", "Deve ter 20 segundos de loucura insana?"... As dúvidas não irão acabar. A vida é feita delas, acreditem!
Umas vez eu lhe em um mural de graffite: "Sabemos que fizemos uma escolha certa, quando não temos vontade de olhar pra trás." . De inicio eu me confortei com aquela frase. Depois eu percebi que não era bem assim. Havia muito tempo que eu não olhava pra trás, mas não por sentimento de "decisão certa", mas por medo de olhar e sentir que estava no caminho certo e não no que eu queria ou sonhava.
Suspiros. Longos suspiros!
Aquela frase me fez pensar em muitas coisas. Muita coisa mudou em mais ou menos quatro anos. Perdi gente que amava, de formas diferentes.
Parei no café perto de casa, pedi meu Machiatto, sentei naquelas cadeiras que giram como na época da escola. Fechei meus olhos tentando imaginar como a minha vida estaria diferente se eu tivesse feito escolhas diferentes. A questão é: eu estaria melhor ou pior do que estou agora?
Lembrei da bolsa que eu ganhei na escola de teatro, e recusei. Da banda na escola que eu saí. Do violão que há tanto tempo eu não tocava... Abri meus olhos. Por ironia da vida, o pessoal que eu andava na escola, no teatro e na banda entraram no café. Gelei! Falaria com eles ou não? Os observei: Arthur não havia mudado em nada. Estela também não. E a alicia? Agora com cabelos coloridos. Ela sempre foi a mais doidinha e eu a mais "pé no chão". O Renato agora se vestia como gente. Bom saber. Gargalhadas dentro de mim. Pitadas de saudades também.
Mais suspiros. Agora de alivio, eu acho.
Pedi a conta. Acenei a distância para os antigos companheiros de festas. Sorri ao deixar a porta do café se fechar. Eles não falaram comigo. Ainda bem, até porquê eu não tava com muito saco pra explicar os motivos de eu não estar ali do lado deles naquela noite de seis de Julho.
Olhei a foto daquela frase. Sim, eu tirei uma foto.
Eu mudei tanto em quase quatro anos que não deveria me queixar e entristecer com os " e se?" da vida. Sou outra pessoa e hoje tão bem resolvida quanto antes. Ainda canto, agora não em palcos, só no chuveiro e as vezes com os amigos. Ainda faço graças, não em peças, as vezes em frente do espelho, ou pra alegrar quem aparece triste. Continuo tocando piano e violão quando da na telha fazer isso. Hoje sou mais livre.
Paris é realmente mais bonita quando à noite. Cidade iluminada. Subi as escadas do pequeno prédio, cheguei. Apartamento numero quatorze. Abri a janela. Deixei a bolsa no cabideiro. Liguei o som baixinho, e de certa forma lavei a alma.
As vezes a gente quer coisas que no fundo não irá nos fazer bem. Comigo foi assim, e durante tempos e tempos eu falava: "Desculpa coração,eu até queria te seguir. Mas entre o querer e o dever existe o infinito."
Ainda sinto falta das coisas antigas, mas hoje é uma falta boa, de lembrança que é pra ficar guardada. Esse tempo não vai voltar. E é isso que faz o charme da vida. Momentos que não voltam. Mas que ficam gravados na memória.O interfone tocou, ninguém respondeu. Uma carta no chão. Quem seria? 
" Saudades de você "pé no chão". Como vai a vida em Paris? Ainda viciada em cafés, né? Te vimos lá, mas você saiu depressa... Estamos em turnê, que tal nos fazer uma visita? Ter uma banda é legal, mas da muito trabalho! você foi a mais esperta quando pulou do palco. Lembra do Gustavo e da Bruna? Também passaram por aqui pra nos ver e eles continuam no teatro. Vida difícil também. É muita loucura pra pouca estabilidade. Sabe como é, né?
Saudades e abraços com ingressos VIPs de todos. Estela, Renato, Alicia e Arthur.
Pelos bons tempos, apareça.
Free R3C!"
Sorri instintivamente. Fui procura-los, mas já estavam virando a esquina.
Parei e pensei. Não olhava pra trás, porquê eu não precisava. A frase estava certa. Eu tinha feito a melhor escolha.
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Espero que gostem!
H3lô








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